Perfuração de Poços Artesianos

Matéria publicada em 2013

Em Santa Catarina, as estiagens estão entre os fenômenos que causam desastres naturais com os maiores períodos de duração, se comparados com o tempo de duração de enchentes e deslizamentos.  Os prejuízos para a agricultura, a pecuária, o abastecimento, a geração de energia são enormes e afetam econômica e socialmente a população, causando perdas nas safras, mortes de animais, severos prejuízos para a economia e conseqüentemente êxodo rural e inchaço das áreas urbanas, assim como afetam todo o ciclo da vida.

Segundo estatística da Secretaria de Estado da Defesa Civil, nos últimos 10 anos (2002 a abril de 2012), foram 1.003 decretações por estiagem, superada apenas pelas enxurradas, com 1.028 decretações.

As estiagens ocorrem, predominantemente, na região Oeste catarinense, e estão associadas aos episódios climáticos globais La Niña e/ou aos bloqueios atmosféricos, gerando consecutivos meses de estiagens. Os anos com maior registro de estiagem foram 1988, 1990, 1995 e 2002. O ano de 1985 foi considerado como um dos menos chuvosos nas últimas décadas, mas não há registros, por parte da Defesa Civil, de municípios afetados. A estiagem de maior magnitude dos últimos anos foi a de 2002, que impactou em torno de 74% dos municípios do estado.  Em 2004, 153 municípios (52%) decretaram situação de emergência em virtude da estiagem. Em 2005 foram 182 decretações; em 2006, 194 decretações; em 2008, 64 decretações; em 2009, 147 decretações; em 2010, 04 decretações; e do final de 2011 até abril de 2012 já são mais de 120 decretações.

Em 2012, a predominância do fenômeno La Niña, contribuiu para o agravamento da estiagem no Estado. Nas regiões afetadas o déficit hídrico acumulado já ultrapassa os 200 mm nos últimos 60 dias. As chuvas, portanto, foram insuficientes para a reposição dos mananciais, agravando ainda mais a falta de água potável para consumo humano e animal.

O modo como é estruturada a rede de drenagem urbana, as formas de armazenamento, distribuição e utilização da água, e os modelos de planejamento e gestão adotados nas bacias hidrográficas influenciam no agravamento do impacto que a deficiência de chuvas causa no município ou na região afetada.

No atual estágio de desenvolvimento tecnológico, o ser humano não tem condições de influenciar na redução da magnitude do fenômeno adverso, já que este depende da dinâmica atmosférica global.  Dessa forma, as medidas preventivas, objetivando a minimização dos danos, devem concentrar-se na redução das vulnerabilidades socioeconômicas e ambientais.

A estiagem, sob o ponto de vista sócio econômico, depende da percepção da comunidade, sua organização e organização de suas atividades econômicas, e a maneira como isto determina o uso da água. Sob o ponto de vista dos desastres, a estiagem está relacionada especificamente ao período, distribuição e intensidade da precipitação em relação às reservas, demandas e usos da água, e o impacto da deficiência em termos de danos e prejuízos.

Os projetos de captação da água subterrânea através de poços tubulares visam atender a demanda de água de boa qualidade nos municípios catarinenses, com o objetivo de abastecimento humano e animal. As perfurações de poços, juntamente com fornecimento de bombas d´água e reservatórios, ajudarão a regularizar o volume de água nas comunidades, minimizando os danos cometidos pela estiagem na segurança alimentar, na saúde da população e na sua qualidade de vida.

O projeto, desenvolvido com a parceria da Secretaria de Estado da Agricultura, contemplava inicialmente a perfuração de 336 poços em 100 municípios catarinenses com maior recorrência de estiagem. Atualmente estamos trabalhando com 15 convênios englobando 314 poços em 93 municípios.