Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina

Defesa Civil monitora impactos da maré alta e mantém alertas para litoral de SC

Combinação entre vento sul e maré astronômica mantém risco de alagamentos e ressacas no litoral catarinense. Foto: Luiz Felipe Pereira Matos

As ocorrências de maré alta provocaram danos em municípios do litoral catarinense nos últimos dias. A Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina (SDC/SC) já havia emitido alertas sobre o fenômeno. Entre os municípios mais afetados estão Barra Velha, que decretou situação de emergência, e Florianópolis, que registrou danos estruturais em áreas costeiras.

Em Barra Velha, a Prefeitura decretou situação de emergência no domingo (05), por meio do Decreto nº 2.262/2025, devido aos impactos das ressacas marítimas e da erosão costeira. As áreas mais afetadas são a Praia da Península e a Praia das Pedras Brancas e Negras, que apresentam risco muito alto para edificações e infraestrutura costeira.

De acordo com o coordenador municipal de Defesa Civil, Felipe Matos, o avanço do mar tem atingido áreas próximas às residências, tornando necessária a adoção de medidas imediatas. O decreto permite à administração mobilizar recursos e executar obras emergenciais para conter danos, reparar estruturas afetadas e mitigar os impactos de possíveis próximas ocorrências. Entre as ações previstas estão obras de contenção costeira, reestruturação de orlas e a articulação com órgãos estaduais e federais para suporte técnico.

A situação de emergência terá vigência de 180 dias, período em que poderão ser realizadas obras emergenciais sem necessidade de licenciamento ambiental, conforme a legislação estadual e federal vigente.

Em Florianópolis, doze casas e cinco postes foram atingidos pela ressaca durante a noite de ontem (06). De acordo com a Defesa Civil Municipal, a maré alcançou níveis superiores aos registros históricos, com picos de até 1,40 metro, principalmente na Praia dos Ingleses, no Norte da Ilha. Até o momento, o município não decretou situação de emergência.

Como a maré alta se forma?

A maré é o movimento periódico das águas do mar, que se elevam ou baixam em relação a um ponto fixo da costa. Para compreender como ocorre a maré alta, é necessário conhecer os fenômenos que a influenciam, podendo ser classificada como maré astronômica ou maré meteorológica.

A maré astronômica ocorre pela atração gravitacional exercida pela Lua e pelo Sol sobre a Terra, provocando a elevação e diminuição periódica do nível do mar. Quando as forças gravitacionais desses astros se alinham, geralmente durante a Lua Cheia e a Lua Nova, a amplitude da maré aumenta significativamente, fenômeno conhecido como maré de sizígia (ou maré de lua).

A maré meteorológica, por sua vez, resulta da influência dos ventos e da pressão atmosférica sobre o nível do mar. Na costa catarinense, ela tende a ser positiva (sobreelevação) quando há ventos persistentes de sul/sudeste, e negativa (rebaixamento) quando predominam ventos de norte.

Quando a maré astronômica de sizígia coincide com a maré meteorológica positiva causada por ventos do quadrante sul, ocorre o que chamamos de maré alta composta ou ressaca do mar, resultando em elevações excepcionais do nível do mar. Adicionalmente, a quebra das ondas próximo à costa gera o fenômeno de setup de ondas, uma sobreelevação adicional do nível médio da água junto ao litoral. A combinação desses fatores eleva significativamente o nível base de ataque das ondas, permitindo que alcancem áreas normalmente protegidas e intensificando os processos erosivos na costa, com potencial para causar danos a estruturas, edificações e infraestrutura litorânea.

Previsão para os próximos dias

A atuação do vento sul segue persistente nesta terça-feira (07) e, combinado com a maré astronômica, favorece condições para alagamentos costeiros em Florianópolis e Itajaí. O risco é moderado a alto para ocorrências associadas, até a madrugada de quarta-feira (08). A tendência é que as condições adversas percam intensidade gradualmente durante a manhã de quarta.

No início da próxima semana, a passagem de um ciclone extratropical pode provocar novos episódios de erosão, mar agitado e, possivelmente, alagamentos costeiros. Por isso, é um período que requer atenção especial, principalmente para a infraestrutura da orla e residências próximas às praias, que podem ser afetadas pelo avanço do mar.

“Em geral, nos meses de outubro e novembro, o litoral catarinense apresenta intensificação dos processos de erosão costeira, que se acumulam desde o outono e inverno. A ação de ciclones tropicais e passagens de frentes frias contribui para a perda do estoque de areia nas praias. Após o verão, espera-se uma recuperação gradual da areia”, explica o oceanógrafo e coordenador de monitoramento e alerta da Defesa Civil, Frederico Rudorff. 

Defesa Civil recomenda:

  • Evite o contato com as águas e não dirija em locais alagados;
  • Evite transitar em pontilhões e pontes submersas;
  • Evite atividades de navegação, pesca, esportes marítimos e banho de mar.

A Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina segue com monitoramento constante das condições climáticas e mantém equipes em campo, apoiando os municípios com suporte técnico, levantamento de danos e orientações para decretos e solicitações de recursos.