Nota Meteorológica SDC/SC 31/10 – Previsão Climática para o trimestre Novembro e Dezembro de 2025 e Janeiro de 2026
Elaborado em: 31 de outubro de 2025
Meteorologistas: Fernando Rafael, Nicolle Reis e Caio Guerra
No 234º Fórum Climático Catarinense, realizado no dia 28 de outubro, foi discutida a previsão de consenso para os próximos meses, com a participação de meteorologistas de diversas instituições do estado de Santa Catarina. Estiveram presentes representantes da Secretaria de Proteção e Defesa Civil de SC, Epagri/Ciram, AlertaBlu, além de profissionais e pesquisadores de instituições de ensino como o IFSC e a UFSC.
Com o estabelecimento de uma La Niña de fraca intensidade, que deve persistir pelo menos até fevereiro de 2026, espera-se reflexos no padrão de chuvas e temperaturas no estado ao longo dos próximos meses.
Em relação às chuvas, teremos um início de novembro mais chuvoso, mas a segunda quinzena já volta a ter chuvas mais irregulares no estado. Essa condição se mantém na transição da primavera para o verão, principalmente no Oeste Catarinense, o que resulta em chuvas abaixo do esperado na região. Com isso, os dias de sol serão mais frequentes e, consequentemente, as temperaturas mais elevadas, podendo ultrapassar a média. Importante ressaltar que este cenário pode trazer impactos sobre a situação hídrica e produtividade agrícola, por exemplo.
Entre os Planaltos e o Litoral, por outro lado, o padrão da circulação marítima fica mais ativo, refletindo em precipitações mais frequentes e intensas. Nestas áreas não se descartam eventos extremos de precipitação, com volumes elevados, resultando em precipitação acima da média. Com o aumento da nebulosidade e a frequência das chuvas, as temperaturas podem ficar ligeiramente abaixo do normal. Portanto, nestas áreas, o calor demora a se estabelecer.

Figura 1: Previsão probabilística do fenômeno El Niño – Oscilação Sul nos próximos trimestres. Fonte: Climate Prediction Center (CPC).
COMPORTAMENTO NORMAL
O próximo trimestre — novembro e dezembro de 2025 e janeiro de 2026 — corresponde ao final da primavera e início do verão e traz mudanças no padrão de precipitação esperado em Santa Catarina. No Grande Oeste, os acumulados diminuem ligeiramente, enquanto nas áreas litorâneas é esperado um período mais chuvoso.
Os meses de novembro e dezembro marcam um período de transição nos padrões de chuva, uma mudança das tempestades típicas de primavera, tempestades severas provocadas por ciclones, frentes frias e demais instabilidades, para chuvas de verão, tempestades de rápida formação devido à combinação do calor e umidade.
Já no mês de janeiro, a circulação marítima se torna mais frequente e intensifica as chuvas no litoral. A Figura 1 ilustra o comportamento climatológico da precipitação entre os meses de novembro e janeiro.
Em relação às temperaturas, como é esperado nesse período de transição da primavera para o verão, é que elas fiquem gradativamente mais altas, com o aumento da radiação (dias mais longos).

Figura 2: Climatologia da precipitação de Santa Catarina nos meses de (a) novembro, (b) dezembro e (c) janeiro. Fonte: SDC/SC através de dados da EPAGRI.
HISTÓRICO DE OCORRÊNCIAS
De acordo com o Perfil Histórico de Desastres do Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina (PPDC-SC), que abrange 29 anos de dados (1995-2019) e 5540 ocorrências de desastres, as ocorrências de chuvas mais intensas costumam se concentrar entre os meses de setembro e março (Figura 3).
No mês de novembro, mês que marca o final da primavera, as tempestades ainda são frequentes, mas costumam causar menos ocorrências se comparadas aos meses anteriores (Figura 3). O trimestre, no entanto, é caracterizado pelo aumento das ocorrências, especialmente em janeiro, mês com maior número de registros no ano.

Figura 3. Distribuição mensal do total de ocorrências (1995-2019). Fonte: UFSC, 2020.
As ocorrências associadas a vendavais em novembro e dezembro são maiores em comparação aos meses de outono e inverno, mas menores quando comparadas aos meses anteriores à Primavera (Figura 4). Essa condição ainda é reflexo da formação de ciclones extratropicais próximos à costa e principalmente à ocorrência de tempestades, que costumam causar vendavais mais localizados, mas intensos.

Figura 4. Distribuição mensal das ocorrências por vendavais. Fonte: UFSC, 2020.
A ocorrência de enxurradas também é frequente entre novembro e janeiro, muito por conta da ocorrência de chuvas mais intensas, mas rápidas, associadas na maioria das vezes, à temporais que se formam pela disponibilidade de calor, umidade e sistemas de baixa pressão. As enxurradas também ocorrem quando as chuvas persistentes de circulação marítima apresentam maior intensidade nas áreas litorâneas e regiões serranas próximas, principalmente em meses como janeiro (Figura 5).

Figura 5. Distribuição mensal de ocorrências relacionadas à enxurradas (1995-2019). Fonte: UFSC, 2020.
RECOMENDAÇÕES
A Proteção e Defesa Civil recomenda que a população fique atenta em dias de frio intenso, redobrando os cuidados com crianças, idosos, moradores de rua e animais de estimação.
No caso de chuvas intensas, com alagamentos e enxurradas, evite o contato com as águas e não transite em locais alagados, pontes e pontilhões submersos. Cuidado com crianças próximas a rios e ribeirões. Em casos de movimentos de massa, atente-se à inclinação de postes e árvores, a qualquer movimento de terra ou rochas próximo à sua residência e ao aparecimento de rachaduras em muros e paredes.
Durante temporais com raios, rajadas de vento e granizo, busque local abrigado, longe de árvores, placas e de outros objetos que possam ser arremessados. Na praia, não fique na água.
A Secretaria da Proteção e Defesa Civil reitera a necessidade de acompanhar diariamente os Avisos e boletins de previsão do tempo devido às constantes atualizações nos modelos meteorológicos.
#DEFESACIVIL, SOMOS TODOS NÓS.