Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina

Retrospectiva Meteorológica SDC/SC: Janeiro/2025 – Chuva extrema causou transtornos no litoral em janeiro deste ano

Meteorologista: Nicolle Reis

Janeiro de 2025 foi marcado por chuvas irregulares e temporais de verão, bastante característicos dessa época do ano. Além disso, neste período, uma La Niña de fraca intensidade estava atuando, o que contribuiu para deixar as chuvas menos frequentes, resultando em volumes abaixo da média em praticamente todo o estado (Figura 1b). 

O destaque do mês foi a chuva extrema registrada no dia 16 de janeiro entre a Grande Florianópolis e o Baixo Vale do Itajaí, quando choveu cerca de 70% da chuva esperada para o mês em poucas horas. Por conta deste evento, alguns municípios, como Biguaçu, Tijucas e a própria capital, receberam acumulados próximos de 400mm, cerca de 160 a 200mm acima da média deste mês (Figura 1a e b, respectivamente).

Neste dia, a chuva extrema levou a Secretaria da Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina (SDC/SC) a usar pela primeira vez o Alerta Severo (cellbroadcast), ferramenta que envia uma mensagem para todos os celulares na área de risco, mesmo sem cadastro prévio. Na capital, Florianópolis, choveu cerca de 170 mm em apenas três horas, acumulado que somou quase 350 mm em 24 horas (Tabela 1). Neste mesmo intervalo de tempo, Biguaçu registrou volumes de 386mm e São José marcou 301mm. No Baixo Vale do Itajaí, as cidades de Balneário Camboriú e Camboriú registraram cerca de 200mm em 24 horas, seguidas por Itajaí, com 159mm.

Além de ser um volume extremamente elevado, a chuva ocorreu de forma concentrada em poucas horas, gerando diversos transtornos e ocorrências com acionamentos da SDC/SC. A maioria destas ocorrências foram associadas a alagamentos generalizados, enxurradas e deslizamentos. Na capital, diversas vias importantes ficaram inacessíveis e algumas instituições precisaram suspender atividades no dia seguinte. Cidades como Governador Celso Ramos e Itajaí também registraram diversos impactos (Figura 2).

As Figuras 3 e 4 mostram a distribuição das ocorrências registradas ao longo do mês de janeiro por região  e por data, respectivamente. É perceptível que o maior número de ocorrências ficou concentrado na faixa litorânea, entre a Grande Florianópolis e o Baixo Vale do Itajaí (Figura 3). Além disso, de todas as ocorrências registradas neste mês – no total de 63 -, mais da metade foi registrada nos dias 16 e 17 por conta da chuva extrema (Figura 4). As demais ocorrências foram reportadas ao longo do mês, localizadas, principalmente, no Extremo Oeste e Oeste catarinense, e estiveram relacionadas a temporais acompanhados de chuva intensa e vendavais.

Todo esse volume de chuva ocorreu pelo somatório de alguns fatores: primeiramente a circulação marítima, que favorece a entrada de umidade do mar em direção à costa, condição típica nos meses de verão. No entanto, a circulação marítima foi potencializada por conta da atuação de uma área de baixa pressão atmosférica próximo à costa, juntamente com a atuação de instabilidades em diversos níveis da atmosfera. Por fim, a geografia local do Baixo Vale do Itajaí e da Grande Florianópolis, também favoreceu a permanência e intensificação da chuva de 16 de janeiro. 

#DEFESA CIVIL, SOMOS TODOS NÓS.