Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina

Retrospectiva meteorológica SDC/SC: 05/2025 – Apesar de chuvas abaixo da média, Maio teve tornados e microexplosões em SC

Meteorologista: Fernando Rafael

O mês de maio de 2025 foi marcado pela maior irregularidade de chuvas em Santa Catarina. Apesar de não haver influência dos fenômenos El Niño/La Niña, com a condição de Neutralidade sendo observada, as chuvas foram menos frequentes e volumosas que o normal para esse período, como é possível observar na Figura 1.

Figura 01 – Anomalia de precipitação (mm) observada no mês de Maio de 2025 em Santa Catarina. Fonte: SDC/SC.

Neste mês, as anomalias de precipitação variaram entre -40 e -80 mm na maior parte do estado, sendo observado desvios ainda mais negativos em áreas do Meio-Oeste e Litoral Sul próximas à divisa com o Rio Grande do Sul. Neste período, os volumes médios de chuva esperados variam entre 100 e 140 mm na maioria das regiões com valores um pouco mais altos – entre 140 e 175 mm – em áreas do Grande Oeste e Planalto Sul. 

Apesar das chuvas menos frequentes e volumosas, o mês de Maio, que marca a transição do Outono para o Inverno é conhecido tradicionalmente por apresentar mudanças bruscas nas condições do tempo. Neste ano, não foi diferente, o avanço de uma intensa frente fria pelo estado no dia 9 desencadeou a formação de um aglomerado de nuvens de tempestades associado a um Sistema Convectivo de Mesoescala, na forma de uma Linha de Instabilidade (LI) que alcançou durante a tarde áreas do Grande Oeste catarinense. Nessa região, intensas tempestades, sendo algumas supercélulas foram responsáveis por causar vendavais, com registro de danos em construções e vegetação. As análises posteriores confirmaram a ocorrência de um tornado em Palmitos (Figura 2) e de frentes de rajada/vendavais em outros municípios da região. Neste mesmo dia, outra supercélula produziu um tornado no interior de Santo Amaro da Imperatriz, na Grd. Florianópolis, deixando um rastro de destruição (Figura 3).

Figura 2A. Imagem mostra área com alta refletividade, indicando a presença de uma supercélula com intensa atividade convectiva, às 14h06min horário local, pelo radar meteorológico de Chapecó.
Figura 2B. Áreas de ventos em direções opostas próximas entre si (dipolo), caracterizando uma assinatura de rotação nos baixos níveis da atmosfera — indicativo típico de supercélula, às 14h06min horário local, pelo radar meteorológico de Chapecó
Figura 3. Danos provocados pela atuação do tornado em Santo Amaro da Imperatriz.

Ao final do mês, no dia 22, o avanço de outra intensa frente fria, com ambiente atmosférico favorável, desencadeou a formação de tempestades no Oeste Catarinense. Uma supercélula que atingiu o município de São Miguel do Oeste durante a madrugada produziu microexplosão, conforme análise preliminar realizada com auxílio do radar meteorológico de Chapecó e imagens aéreas de drone (Figura 4).

Figura 4. Trajetória da supercélula na região do Extremo Oeste catarinense.

Do ponto de vista de temperatura, Maio de 2025 foi marcado por marcas acima da média para época com desvios médios entre +1,0°C e +2,0°C. Apesar da menor frequência de massas de ar frio, com temperaturas mais altas para a época, os últimos dias do mês foram marcados pela “virada de chave”, com a entrada da primeira grande massa de ar frio do ano. 

Na madrugada do dia 29, quando um Ciclone Extratropical atuava próximo à costa, favorecendo transporte de umidade para o setor leste do estado e impulsionava a chegada de uma massa de ar frio, criou-se um ambiente favorável à ocorrência da primeira precipitação invernal/neve do ano, registrada nos pontos mais altos do município de Urupema na Serra Catarinense.

Figura 5. Cidade de Urupema registrou precipitação invernal na madrugada de quinta-feira (29/05). Fonte: Barão Online.