Meteorologista: Caio Guerra

O mês de julho de 2025 foi marcado por acentuada irregularidade das chuvas em Santa Catarina. Mesmo sem a atuação dos fenômenos El Niño ou La Niña — com predomínio da condição de Neutralidade —, as precipitações ocorreram de forma pouco frequente e com volumes abaixo da média climatológica para o período, conforme evidenciado na Figura 1.

Figura 01 – Anomalia de precipitação (mm) observada no mês de Julho de 2025 em Santa Catarina. Fonte: SDC/SC.

As anomalias de precipitação variaram entre 40 e 80 mm abaixo do normal na maior parte do estado. Climatologicamente, os volumes médios esperados para julho oscilam entre 75 e 125 mm na maioria das regiões, podendo alcançar valores entre 125 e 150 mm em áreas do Grande Oeste. No entanto, ao longo do mês, foram registrados menos de cinco dias com chuva, em média, reforçando o caráter seco do período.

Apesar da baixa frequência e dos volumes reduzidos de precipitação, julho foi caracterizado pela passagem recorrente de frentes frias, associadas à atuação de massas de ar de origem polar. Esses sistemas provocaram mudanças pontuais nas condições do tempo, mas com pouca chuva associada, mantendo o frio persistente e, por vezes, intenso em grande parte do estado.

O mês teve início sob condições de frio intenso. No primeiro dia de julho, foram observadas baixas temperaturas em todas as regiões, com mínimas variando entre –3 °C e 1 °C no Grande Oeste, entre –1 °C e 10 °C no Litoral, e chegando a –6 °C nos pontos mais elevados da Serra catarinense. Mesmo com a presença de pouca umidade na superfície, a combinação entre o ar frio e seco de origem polar e a umidade em níveis mais altos da atmosfera favoreceu a ocorrência de precipitação invernal em áreas isoladas da serra.

Entre a noite do dia 30 de junho e a madrugada de 1º de julho, houve registros de chuva congelada em pontos isolados de Urupema, São Joaquim e Bom Jardim da Serra, além da ocorrência de chuva congelada misturada a flocos de neve em Urubici, conforme ilustrado na Figura 2.

Figura 2. Registro de precipitação invernal em Urubici. Fonte: Santa Catarina em fotos

Ao longo do restante do mês, predominaram períodos de tempo firme e seco, intercalados por episódios pontuais de instabilidade associados à passagem de frentes frias, além da atuação de sistemas de baixa pressão e de um ciclone extratropical na segunda quinzena, que trouxe impactos mais significativos relacionados a ventos fortes, mar agitado e ressaca, especialmente no litoral catarinense. Ainda assim, as chuvas continuaram mal distribuídas e pouco expressivas, mantendo o padrão de déficit hídrico observado ao longo de julho.