Maio de 2023 foi marcado por pouca chuva na maior parte das regiões de Santa Catarina, especialmente em áreas do litoral, Vale do Itajaí e norte do estado. A influência de massas de ar seco e frio favoreceram a sucessão de dias com predomínio de sol e baixos índices de umidade relativa do ar, acompanhados de amplitude térmica entre as tardes que apresentaram temperaturas amenas e as noites e madrugadas que registraram temperaturas mais baixas, inclusive com a ocorrência de episódios de geada. O principal evento de precipitação foi registrado nos primeiros dias do mês, mais precisamente entre os dias 02 e 05, quando foram registrados volumes entre 25 e 150 mm entre o Grande Oeste e o Planalto Sul, com destaque para os 201 mm registrados na cidade de Chapecó e os 153 mm em Mondaí, ambas no Extremo Oeste, próximas ao Rio Grande do Sul e Argentina. No dia 04, foram registradas diversas ocorrências associadas aos altos volumes de chuva em cidades do Extremo Oeste e Oeste catarinense (Figura 1). Em Xanxerê, foram registrados alagamentos na área urbana e deslizamentos pontuais na zona rural. Em Chapecó, houve registro de alagamentos pontuais e algumas residências afetadas. Nos municípios de Águas de Chapecó e São Carlos, ocorreram alagamentos, transbordamento de rios e interdição de acessos.
Figura 1 – (a) Alagamento em Xanxerê, (b) Danos em galeria da rodovia FAG-050 em Faxinal dos Guedes, (c) Enxurrada em São Carlos e (d) Transbordamento de rio em São Carlos.
Entre os dias 06 e 26 do mês, houve predomínio de tempo firme na maior parte das regiões. Nesse período, houveram vários dias em que as temperaturas ficaram abaixo dos 0°C na serra e entre 5°C e 10°C nas demais regiões, além de índices de umidade relativa do ar próximo dos 40% no litoral e abaixo dos 30% no interior do estado durante a tarde. No final do mês, entre os dias 27 e 28, o avanço de uma frente fria voltou a favorecer a ocorrência de chuva em várias regiões do estado, mas sem acumulados significativos.
O mês de Maio de 2023 apresentou acumulados superiores aos 250 mm na região de Chapecó e variou de 100 a 250 mm em grande parte do Oeste (Figura 2). Entre o Meio-Oeste, Planalto Sul e Litoral Sul e em regiões adjacentes, os volumes variaram de 50 a 100 mm com alguns locais registrando valores ligeiramente maiores. No restante das áreas, incluindo a maior parte do Vale do Itajaí, Planalto Norte, Litoral Norte e parte da Grande Florianópolis, os acumulados ficaram próximos ou abaixo dos 50 mm.
Figura 2. Distribuição espacial da chuva acumulada em maio de 2023, em Santa Catarina.
Dados: Epagri/Ciram, ANA e INMET. Arte: Defesa Civil de Santa Catarina.
Apesar dos acumulados mais expressivos registrados no Grande Oeste, apenas as áreas onde os acumulados superaram os 200 mm, ficaram acima da média histórica, com desvios médios próximos dos +40/+80 mm. No restante do Grande Oeste, os acumulados ficaram entre próximo a ligeiramente abaixo da média com desvios próximos dos -40 mm. Na maior parte do centro/leste, por outro lado, as chuvas ficaram muito abaixo da média com desvios entre -80 e -120 mm, com alguns pontos registrando desvios negativos ainda maiores (Figura 3).
Figura 3. Distribuição espacial da anomalia de chuva em maio de 2023, em Santa Catarina.
Dados: Epagri/Ciram, ANA e INMET. Arte: Defesa Civil de Santa Catarina.
De acordo com o critério SEDEC/MI, o mês foi marcado por estiagem em áreas do centro para o leste do estado, onde choveu 60% ou menos do esperado para o mês (Figura 4). Na maior parte dessa região, a quantidade de dias sem chuva (acumulado diário inferior a 1 mm) variou de 10 a 15 dias, com alguns pontos se aproximando dos 20 dias (Figura 5).
Figura 4. Distribuição espacial da porcentagem de chuva, em relação à média mensal, no mês de maio. Dados: Epagri/Ciram, ANA e INMET. Arte: Defesa Civil de Santa Catarina.
Figura 5. Distribuição espacial do número de dias sem chuva no mês de maio de 2023.
Dados: Epagri/Ciram, ANA e INMET. Arte: Defesa Civil de Santa Catarina.
Elaborado por: Meteorologista Fernando Rafael.