Bairros são definidos a partir das escolas primárias no Japão

14853277 1448463725169912 3821145903310688046 o

 

O diretor de Prevenção da Secretaria de Estado da Defesa Civil SC, Fabiano de Souza, está no Japão há quase um mês para aprender técnicas de mitigação e prevenção. Nesta quinta-feira (27), ele aprendeu que os Bairros no Japão são definidos a partir das escolas. Isso porque em caso de desastre, qualquer pessoa, inclusive criança, pode chegar ao local em até 10 minutos no abrigo.

Conforme Fabiano de Souza, mais de 90% das escolas primárias possuem estruturas anti-sísmicas, não só pela recorrência de terremotos, mas essencialmente por servirem de abrigo à comunidade. “Essa ideia de Bairro escolar existe há mais de 100 anos, no Japão”, diz. Porém, nem todas as áreas onde estão situadas as escolas são seguras para os diversos tipos de ameaças. Ele explica que por esse motivo, cada educandário é responsável por implementar sua política de prevenção.

De Souza conta também que há um grande esforço para que os professores japoneses aprendam cada vez mais sobre prevenção de desastres, já que as escolas primárias são utilizadas como abrigos.

Agora, nos casos de diferentes situações de eventos em cada bairro, o ele explica que a ação de evacuação mais adequada também varia. “Por exemplo, inexistência de áreas elevadas, ruas estreitas, entre outros fatores. Portanto, o objetivo é fazer com que a própria comunidade participe e elabore um plano para o bairro”, comenta De Souza.

 14882173 1448463871836564 1531257918361527060 o

Modelo de Bairro

O Gabinete do Governo Central no Japão está definindo alguns municípios/bairros como modelo para o País, sendo que o Bairro Shinyo, distrito de Nagata, cidade de Kobe, é um deles. Nesse bairro, ele cita exemplos de técnicas de evacuação

Situação do Bairro:
– graves danos nas casas no Grande Terremoto Hanshin-Awaji (1995);
– 6.650 habitantes;
– taxa de envelhecimento de 30% da população;
– previsão de 80% do bairro inundado pelo Grande Terremoto de Nankai-Torafu – na falha de Nankai (estimativa do Gabinete do Governo, a ocorrer dentro dos próximos 30 anos);
– expectativa que o tsunami chegue ao bairro entre 83min e 14seg – 96min e 47seg após a ocorrência do terremoto (nos foi demonstrada uma simulação para o evento).

Diante desse cenário, qual ação tomar?
– deve-se despertar a autonomia do bairro e do cidadão:
i) conhecer o inimigo (a ameaça – tsunami) – por isso foram feitos estudos e simulações do evento;
ii) conhecer a si mesmo – aferir potencialidades, ações e responsabilidades dos habitantes;

Para o segundo item, foi feita uma pesquisa pelo Conselho do Bairro com a seguinte pergunta: Na hora da chegada do tsunami, se houver um chamado de socorro na vizinhança: devo socorrer (sim)? Ou devo evacuar (não)?
Respostas: a) SIM (63%) – b) NÃO (37%).

A partir desta resposta estão planejando quais as ações podem ser desenvolvidas pela comunidade dentro de um limite máximo de 80 minutos (tempo, em tese, disponível para evacuação).

Primeira definição:
– Adultos capazes: podem ajudar dentro do prazo máximo de 60 minutos (20 minutos devem destinar para a própria evacuação);
– Crianças, idosos e pessoas com necessidades especiais devem evacuar imediatamente.

Ações – Regra dos “60 minutos de evacuação”:
i) Informação – utilização de alto falantes e estratégia do megafone (grupo de pessoas – 80 – pré-definidas para percorrerem o bairro com o equipamento);
ii) Transporte – definição e treinamento de equipamentos (por exemplo: carrinhos de supermercado) que podem ser utilizados para evacuação de pessoas com necessidades.

Passos para implementação do plano:
a) Planejar;
b) Realizar;
c) Verificar;
d) Agir

 

E recomece o ciclo. Havendo aprovação, compartilhe com a comunidade.De Souza retorna com a equipe brasileira em novembro. Até lá, tem muito assunto ainda para aprender com os japoneses. 

Fotos: Reprodução Facebook/ Fabiano de Souza

Ascom SDC