Defesa Civil participa de sessão especial em homenagem às pessoas e os segmentos da sociedade que contribuíram para amenizar os prejuízos da enchente de 1983

DSC04252

O Poder Legislativo homenageou na noite de segunda-feira, dia 8, personalidades e instituições que protagonizaram a reação a mais longa enchente no Vale do Rio Itajaí, ocorrida em julho de 1983 e que durou 32 dias. O secretário de Estado da Defesa Civil Milton Hobus, representou o Governador do Estado Raimundo Colombo no evento. Segundo ele, um momento marcante para Santa Catarina ” O povo catarinense é merecedor desta homenagem por ser vitorioso! Estive perto das enchentes em Rio do Sul e presenciei a garra e a bravura daqueles que lutaram pela sobrevivência. Realmente uma homenagem que emociona com a sensibilidade com que foi trazida aos dias atuais”.

Foram homenageados o deputado federal Esperidião Amin, então governador do estado na época; deputado Edison Andrino; Dalto dos Reis; Antonio Carlos Konder Reis, secretário de estado que comandou a reconstrução; Bernardo Wolfgang Werner, ex-presidente da Fiesc (in memorian); os jornalistas Luiz Antonio Soares, Moacir Pereira e José Carlos “Zico” Soares; Alda Schlemm Niemeyer, do Clube de Radioamadores de Blumenau e Mário Neves, da Rede Brasil Sul de Comunicações; o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar, Exército, Marinha e Aeronáutica.

Vários dos depoimentos emocionaram o público presente, entre eles, o de Dalto dos Reis que falou sobre a dor da fome. ”A falta de alimentos foi mais dramátiva. Fiquei 26 dias no prédio da prefeitura. Era desesperador passar um dia, dois, três, quatro sem a gente ver um alimento sequer. Havia 600 pessoas no prédio, inclusive o corpo de bombeiros. Era tão terrível a fome que hoje eu divido a minha comida com qualquer faminto”.

Outro depoimento que também chamou a atenção foi o de Edison Andrino. “Subimos o rio levando água, velas, não subimos pelo leito, subimos pelos pastos. A maior dificuldade eram as cercas de arame farpado, havia vacas, bois, enroscados nelas. Cortávamos a cerca com alicates. A noite era um terror, com gritos, choros. Nossa missão era tirar as pessoas das casas, convence-los a sair. Teve o caso de um açougue, de porta de esteira, havia alguém lá dentro e tinha de mergulhar para entrar”.

Passados 30 anos da tragédia de 1983, Esperidião Amin resumiu a experiência em três palavras: solidariedade, esperança e determinação. “Não há nenhuma mancha significativa digna do registro, não há notícia de saques, roubos, violências”. Ainda de acordo com Amin, a reconstrução recorde deve ser creditada “à atitude do povo, que sobrepujou todas as expetativas das lideranças empresariais, políticas e religiosas”. Amin elogiou a atuação de Antonio Carlos Konder Reis, que mesmo tendo sido governador, aceitou a missão de comandar a secretaria da Reconstrução.

No mesmo evento ainda foi lançado o livro “Amin: 30 anos depois” do jornalista Moacir Pereira, onde Esperidião foi o fio condutor das matérias que lembram momentos dramáticos da enchente de 1983.