Em Chapecó, Defesa Civil apresenta projeto para elaborar plano contra estiagem no Oeste

O governador Raimundo Colombo participou nesta terça-feira, 19, em Chapecó, da apresentação do projeto Diagnóstico e Resiliência da Estiagem no Oeste Catarinense e do lançamento das oficinas que vão debater as possibilidades de ações a serem desenvolvidas.O objetivo do projeto é contribuir para a elaboração de um plano diretor de estiagem. Entre as ações, estão a conscientização da população sobre o cenário e implantação de estratégias de gestão hídrica. A pesquisa, que iniciou em julho de 2014, contempla 118 municípios do Oeste. 
 

Fotos: Julio Cavalheiro/Secom
 
 
“A estiagem no Oeste é recorrente, precisamos enfrentar isso. Existe todo um plano em execução e é preciso conscientizar as pessoas da importância de aproveitar melhor os recursos hídricos. Se não fizermos isso daqui uns anos, vamos pagar um preço muito alto. Então, há uma série de demandas técnicas e, com um debate como esse, podemos melhorar o resultado. Acredito que vamos oferecer à sociedade e futuras gerações um trabalho qualificado de gestão”, disse o governador.
 
De acordo com os primeiros levantamentos, o que contribui para o cenário de estiagem prolongada nesses municípios é o uso inadequado dos recursos hídricos. O comparativo foi feito com informações da década de 1970. “Analisamos todos os dados até o momento atual relativos ao uso da água e do solo e a evolução das atividades econômicas. Também conversamos com entidades regionais. Chegamos à conclusão que os impactos da estiagem são, principalmente, um problema da gestão da água”, explicou o professor da Udesc, Mário Jorge Coelho de Freitas, que fez a apresentação do projeto. 
 
Conforme ele, é necessário repensar a forma de utilização das águas. “O enfrentamento do problema da estiagem é uma questão de criação de resiliência e exige uma enorme e solidária colaboração entre a sociedade e poder público, produção familiar, cooperativas e indústrias. Tem que haver o compromisso de todos para que possamos chegar à conclusão do plano diretor e minimizar os efeitos da estiagem”, afirmou.
 
Conforme o trabalho preliminar da equipe interdisciplinar da Udesc e Fapesc, que estão realizando as pesquisas em Santa Catarina, as estiagens estão entre os fenômenos que causam emergências e desastres com os maiores períodos de duração se comparados com enchente e deslizamentos. Os prejuízos para agricultura, pecuária, abastecimento de produtos agrícolas e geração de energia afetam todas as comunidades da região, o que contribui para o êxodo rural.
 
 
O volume de decretos de situação de emergência devido à estiagem no Estado mostra a importância do projeto que está sendo executado. Entre os anos de 2002 e 2012, foram 1.003 registros, número somente superado pelas declarações de enxurradas: 1028 decretações. Somente em 2006, foram 194 decretos por causa da falta de chuva, muitas vezes ocasionadas por bloqueios atmosféricos, que atingem a região Oeste de Santa Catarina.
 
O secretário da Defesa Civil, Milton Hobus, informou que muitos estudos indicam que vamos ter agravamento dos fenômenos de estiagem em Santa Catarina. “Quando acontece a seca, muitos já pensam em furar um poço artesiano. Nós temos mais de 50 mil poços clandestinos no Oeste, o que representa um risco ambiental. O que está se fazendo é um planejamento consistente, com visão sustentável de longo prazo para que tenhamos um enfrentamento correto desse fenômeno. Precisamos estar prontos para atender os municípios que sofrem com a estiagem”, salientou Hobus.