Equipe técnica faz levantamentos no Vale para avaliar possibilidades de ações anticheia

MELHORAMENTO ESTUDOS

A Empresa Iguatemi, contratada para fazer o levantamento de dados sobre as Bacias do Vale do Itajaí continua os estudos. O trabalho consiste em determinar quais ações mais importantes para a redução de impactos das cheias em toda Região.

De acordo com o Engenheiro responsável pelos trabalhos, Felipe Zacchi Gómez, há um mês os profissionais, atuam desde Gaspar, que já teve os serviços concluídos e estão com 50% de Blumenau executado. “O corpo técnico atua nesta semana na área central do município, próximo a ponte dos arcos. A atividade consiste em realizar a batimetria – medição de profundidade, do Rio Itajaí-Açu.” Disse.

Após finalizar a etapa da principal cidade da Região, a equipe, sobe em direção a Indaial. No entanto, no mês de março, um grupo visitou vários municípios do Alto Vale. O levantamento de Campo teve início em Taió e seguiu até a região de Salto Pilão, entre os municípios de Apiúna, Lontras e Ibirama.

O Secretário Adjunto de Estado da Defesa Civil, tem acompanhado de perto os trabalhos. No Alto Vale foi a campo com a equipe e fez uma explanação dos trabalhos desenvolvidos.  

Entrevista transcrita Rodrigo Moratelli – Secretário Adjunto de Estado da Defesa Civil:

Asom/SDC: Secretário, qual objetivo desses trabalhos no Vale do Itajaí e dessas visitas à campo?

Rodrigo Moratelli- Secretário Adjunto de Estado: O Primeiro objetivo é levar todos os levantamentos feitos pela empresa (IGUATEMI). Checar in loco. As situações de avaliações feitas em determinados locais e o que pode ser feito em determinados locais dentro do Melhoramento Fluvial que dê resultado dentro da Bacia do Rjio Itajaí.  A equipe saiu de Taió, percorrendo a área central de Taió, até Lontras, na localidade de Salto Pilão. Os técnicos, com base nas informações que eles tem e informações de campo, vão apresentar o Projeto Básico de quais melhores soluções para encontrar no Itajaí-Açu e Itajaí do Oeste para o Alto Vale e Médio Vale do Itajaí. A intenção é melhorar a velocidade da água na Região.

ASCOM: Faz parte de todos os Estudos de Mitigação do Vale?

Moratelli: Faz parte do projeto de mitigação do Vale. Ele é focado no Alto Vale, mas também insere o Médio Vale até a Foz do Itajaí. Passa por Indaial, Blumenau, Gaspar, Ilhota, Itajaí e Navegantes. E tem a outra proposta da Defesa Civil que é fazer o Estudo de Melhoramento Fluvial e Reservação de água na região de Rodeio, que faz limite com Indaial. Esse trabalho seria desde Lontras, no Alto Vale, até o ponto descrito. Nesse caminho, existem algumas situações interessantes que poderão ser analisadas. A microbacia, que deságua no rio Itajaí-Açu, a própria Bacia do Hercílio, em Ibirama e que, tem a única reserva de água, em José Boiteux. Em Indaial também há três Bacias interessantes, do Warnow, Do Encano e Rio Benedito, que também estão em estudo, até as Calhas do Vale Norte (Região de Ibirama). 

ASCOM: Quais obstáculos a serem enfrentados?

Moratelli: O Alto Vale temos uma área complexa. Na jusante da Barragem de Taió, até Salto Pilão, não temos mais que 15 metros de queda, em 82 quilômetros de rio. É considerado de baixa queda e entendido como rio afogado. Qualquer chuva que atinja a região, afeta a altura do leito rapidamente. Como a velocidade também não é rápida, o processo de dragagem se torna um processo com tempo de validade muito curto.  Se tirarmos 10 milhões de metros cúbicos de sedimento, por causa de todas as características naturais da área, em três ou quatro anos teremos todos esses materiais no canal novamente.  Então não adianta. O mais indicado por técnicos é remover obstáculos. Assim vamos ter mais fluidez do curso da água. Isso vai ampliar a aceleração do escoamento, mesmo com baixa queda. É necessário melhorar as margens. O trabalho vem desde Taió, passa por Rio do Oeste que tem um grande problema devido a queda menor ainda no rio Itajaí do Oeste e o desemboque do Rio das Pombas. Depois nós temos a Região que vai desde Rio do Sul até Lontras, mesmo com a sinuosidade e solo rochoso, do maciço de Salto Pilão, temos ele como último obstáculo antes do platô intermediário.  O ponto fica 100 metros abaixo do nível de Rio do Sul, Lontras. Essa área está a 320 metros acima do nível do mar. Depois, em Ibirama, já estamos com 150 metros do mar. Então a cheia do Médio Vale é uma e do Alto Vale outra. A preocupação é dentro do Salto Pilão se realmente tem essa interferência toda e qual modelo temos que fazer para melhoramento no Alto Vale, sem afogar o Médio Vale. ENTÃO NÃO ADIANTA EU TIRAR ÁGUA DO ALTO VALE E AFOGAR O MÉDIO, BLUMENAU, INDAIAL… Isso tem um cálculo. Tem que ser medido. Qual índice de fluidez temos lá na ponta, em Itajaí. Qual a melhoria que eu posso obter em Blumenau, para mexer em Salto Pilão. Tudo é uma engrenagem. Não adianta eu resolver o problema de Rio do Sul, em detrimento de Blumenau.

ASCOM: Diante dos trabalhos executados, já pode ser considerado um trabalho satisfatório?

Moratelli: Os resultados tem sido satisfatórios. Tudo que está sendo feito, é pra que consigamos alcançar o que a JICA propôs no relatório do Plano Diretor ou MAIS. Hoje, já trabalhamos com outras soluções dentro da própria Bacia, já que o estudo é mais aprofundado que o da JICA, de reservação de água, porque a melhoria fluvial ela se mostra pela ocupação urbana, muito interferência. Ninguém vai aceitar, por exemplo, na área central de Rio do Sul, um DIQUE de 03 metros de altura, no centro da cidade. É uma intervenção muito caro e de difícil aceitação. Temos bastante trabalho e estamos estudando para encontrar as melhores alternativas para o Vale do Itajaí e automaticamente minimizar os efeitos das cheias na Região.

 

Ouça entrevista: