Verão e início de outono seco em SC

O verão foi marcado por estiagem em SC, com chuva abaixo da média em boa parte do Estado no trimestre janeiro/fevereiro/março como mostra a Figura 1. Como já apontavam os prognósticos, a chuva começou a ficar escassa em novembro e dezembro (Figuras 2 e 3), embora no mês de outubro a chuva já tenha ocorrido de forma mal distribuída.  Nos meses de janeiro e fevereiro, a chuva foi menos frequente e com menores acumulados no Oeste, Meio Oeste e em parte do Litoral e Vale do Itajaí como mostra a Figuras 4 e 5. Especialmente no Oeste e Meio Oeste, a falta de chuva trouxe prejuízos para agricultura e o abastecimento de água. 

Fonte: Ciram (www.ciram.com.br)

Em março e nestes primeiros 17 dias de abril, o padrão atmosférico que vem regendo o comportamento da chuva não mudou muito, mantendo a situação complicada para o Oeste e Meio Oeste e se estendendo para o Litoral Sul e Alto Vale do Itajaí, com chuvas entre 25 e 80% abaixo da média climatológica como mostra as Figuras 6 e 7.

Causa da Estiagem: pode-se dizer que o fenômeno La Ninã (resfriamento anômalo no oceano Pacífico Equatorial) conhecido pela influência que causa no regime de chuva no Sul do Brasil é um dos principais responsáveis pela estiagem, isto pensando a nível global, pois este é um fenômeno que influencia partes de todo o globo terrestre.

Segundo estudos científicos em anos de La Niña os bloqueios atmosféricos, que ocorrem nos oceanos Pacífico e Atlântico e mudam o padrão de escoamento da atmosfera, são normalmente mais intensos e isso foi visível neste ano, devido a influência de bloqueios que inibiram a chegada de frentes frias a Santa Catarina e que foram duradouros, mantendo uma massa de ar seco que deixou de 7 a 10 dias sem chuva em algumas regiões catarinenses. A chuva que foi registrada nos últimos meses foi causada principalmente por sistemas de baixa pressão. As frentes frias foram menos frequentes e, as que atingiram o estado tiveram fraca intensidade. Para um período de temperaturas mais altas é esperado uma maior convecção (formação de nuvens com desenvolvimento vertical associadas ao calor e a umidade) que favorece as pancadas de chuva e os temporais com ventania e granizo, especialmente entre a tarde e noite, e neste ano, esses eventos foram raros devido ao predomínio de massas de ar seco. 

Figura 1 – Precipitação acumulada (mm) e Porcentagem da Precipitação (%) com relação a média climatológica, no trimestre Jan/Fev/Mar.

Figura 2 – Precipitação acumulada (mm) e Porcentagem da Precipitação (%) com relação a média climatológica, em Novembro.

Figura 3 – Precipitação acumulada (mm) e Porcentagem da Precipitação (%) com relação a média climatológica, em Dezembro.

Figura 4 – Precipitação acumulada (mm) e Porcentagem da Precipitação (%) com relação a média climatológica, em Janeiro.

Figura 5 – Precipitação acumulada (mm) e Porcentagem da Precipitação (%) com relação a média climatológica, em Fevereiro.

Figura 6 – Precipitação acumulada (mm) e Porcentagem da Precipitação (%) com relação a média climatológica, em Março.

Figura 7 – Precipitação acumulada (mm) e Porcentagem da Precipitação (%) com relação a média climatológica, entre 01 e 17 de Abril.

 

Previsão: a La Niña, considerada um dos principais responsáveis pela estiagem em SC está chegando ao fim e a temperatura do oceano Pacífico Equatorial deve voltar a normalidade em Maio. Em relação à chuva, os indicativos é que o padrão atmosférico observado no verão, se estenda para boa parte do outono, ainda com chuva abaixo da média na maioria das regiões catarinenses e mal distribuída no tempo e no espaço. Mesmo assim, eventos extremos podem ocorrer em qualquer época do ano, por vezes com acumulados significativos de chuva em curto espaço de tempo, por isso a importância do acompanhamento diário da previsão do tempo.

Gilsânia Cruz, Venize Teixeira e Clóvis Corrêa – Meteorologistas