Retrospectiva meteorológica DC/SC: 02/2023 – Fevereiro teve Onda de Calor, muitos temporais e uma microexplosão em Santa Catarina

Fevereiro de 2023 foi marcado pelo calor, fortes temporais e por um padrão de chuvas irregulares e mal distribuídas em Santa Catarina. Logo no primeiro dia do mês, temporais provocaram chuvas intensas no Litoral Norte catarinense. Os municípios mais afetados foram Corupá, Joinville e Jaraguá do Sul, os quais registraram volumes de 147 mm, 93 mm e 71 mm, respectivamente. Foram reportados diversos alagamentos, enxurradas e deslizamentos pontuais (Figura 01).

Figura 01 – Da esquerda para a direita: famílias sendo retiradas de casa em Corupá, alagamento em Jaraguá do Sul e alagamento na área rural de Corupá. Fonte: Defesas Civis Municipais.

 

Entre a tarde do dia 02/02 e a madrugada do dia 03/02, o calor, a umidade e a formação de um sistema de baixa pressão deram origem a intensos núcleos de tempestade no centro-leste catarinense. Ocorrências relacionadas a alagamentos, deslizamentos, inundações e enxurradas foram reportadas pelos municípios de Grão Pará, Presidente Nereu, Blumenau e cidades da Grande Florianópolis (Figura 02). A precipitação acumulada foi de 150 mm em Águas Mornas, 131 mm em Chapadão do Lageado, 127 mm em Palhoça e 103 mm em Santa Rosa de Lima. Volumes entre 50 mm e 100 mm também foram registrados em outras cidades do Litoral Sul, Grande Florianópolis e no Médio e Alto Vale do Itajaí.

 

Figura 02 – Da esquerda para a direita: deslizamento na Serra do Corvo Branco, alagamento em Presidente Nereu e alagamento em Blumenau. Fonte: Defesas Civis Municipais e rede de monitoramento BEMTEVI.

 

Na tarde do dia 03/02, o forte calor combinado a umidade elevada e também a formação de uma frente fria no Sul do Brasil favoreceram a formação de fortes temporais, que atingiram a região da Grande Florianópolis. Na capital Florianópolis, além das rajadas fortes de vento, o que chamou a atenção foi a alta atividade elétrica da tempestade que atingiu a cidade (Figura 03). Em apenas 2 horas, foram registrados 2954 raios, sendo que 641 atingiram o solo e 2313 ocorreram entre nuvens, que são observados como relâmpagos. A tempestade se deslocou rapidamente, deixando ocorrências associadas à falta de energia elétrica em cerca de 40 mil residências no município de São José.  

 

Figura 03 – Imagens da tempestade que atingiu Florianópolis, feitas no bairro Capoeiras às 16h15min do dia 03/02/23. Fonte: Equipe de meteorologistas da DC/SC.

 

Entre os dias 08 e 13/02, uma onda de calor se configurou nas regiões do Extremo Oeste e Oeste catarinense, provocando temperaturas próximas a acima de 40°C. No restante do estado as temperaturas também ficaram elevadas neste período, porém não atingiram os limiares necessários para ser considerada uma onda de calor.

Na tarde do dia 26/02, uma frente fria em alto mar associada a um sistema de baixa pressão no sul do Paraguai e ao fluxo de calor e umidade vindo da região amazônica provocou tempestades severas nas regiões do Litoral Norte e Baixo Vale do Itajaí. Uma destas tempestades deu origem a uma microexplosão entre Barra Velha e São João do Itaperiú. Foram registradas ocorrências e danos graves associados a destelhamentos, quedas de árvores e interrupção do fornecimento de energia elétrica (Figura 04), especialmente em São João do Itaperiú, que decretou situação de emergência.

Figura 04 – Destelhamentos e quedas de árvores nas localidades de São João do Itaperiú e de Barra Velha na tarde do dia 26/02/2023. Fonte: Defesas Civis Municipais.

 

A Figura 05 apresenta a distribuição espacial da precipitação observada em fevereiro de 2023. Observa-se que a chuva ficou mais concentrada nas áreas litorâneas, especialmente na Grande Florianópolis, Litoral Norte e parte do Vale do Itajaí, onde foram registrados volumes que variaram entre 300 e 450 mm. A precipitação ocorreu principalmente pela combinação de calor e umidade, característica típica de verão, embora alguns eventos tenham sido impulsionados por sistemas de baixa pressão e frentes frias. 

Figura 05 – Distribuição espacial da precipitação em fevereiro de 2023, em Santa Catarina. Dados:  Epagri/Ciram, ANA e INMET. Arte: Defesa Civil de Santa Catarina.

 

As áreas entre o Grande Oeste, parte do Planalto Sul, Litoral Sul e Alto Vale do Itajaí ficaram com volumes de chuva até 80 mm abaixo da climatologia de fevereiro, conforme mostra a Figura 06. Já em áreas onde os volumes de chuva foram mais expressivos ao longo do mês, citadas anteriormente, as anomalias ficaram entre 40 mm e 120 mm acima do normal para o mês de fevereiro.

Figura 06 – Distribuição espacial das anomalias de precipitação em fevereiro de 2023, em Santa Catarina. Dados:  Epagri/Ciram, ANA e INMET. Arte: Defesa Civil de Santa Catarina.

 

Elaborado por: Meteorologista Elen Pelissaro.